Os dois cadáveres foram trocados no necrotério do hospital
04/07/2012 02:08 - mayra cavalcanti
Por volta das 9h30 do último sábado, a luta de cinco meses contra um câncer na garganta de Milton Eufrásio do Nascimento, 61, morador do bairro do Varadouro, em Olinda, chegou ao fim.
Porém, para sua família, um mistério teve início. O enterro que seria no último domingo, no Cemitério Guadalupe, foi adiado para anteontem, mas no momento do reconhecimento do corpo, a filha do idoso, a doméstica Ana Lúcia Eufrásio do Nascimento, 39, se deparou com o corpo do agricultor Paulo Viturino de Lima. Ambos os cadáveres encontravam-se no necrotério do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), localizado no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, no momento da troca. Os dois homens estavam em tratamento contra o mesmo tipo de câncer, internados na enfermaria do HCP.
Após entrar em contato com a diretoria do hospital, os familiares de Milton descobriram que seu parente já havia sido enterrado pela família de Paulo Viturino em Bom Jardim, no Agreste do Estado. “Quando me chamaram para fazer o reconhecimento, eu percebi que não se tratava do meu pai. No mesmo momento notei que se tratava de Paulo, que também estava internado na enfermaria do hospital”, relatou Ana Lúcia. Ainda segundo Ana, os homens não possuíam aparência semelhante. “Meu pai estava magro, de cabelos brancos e era negro, enquanto que Paulo era mais gordo, tinha cabelos pretos e era branco. O hospital quis culpar a família de Paulo, mas é obrigação deles conferir os documentos da pessoa. Vamos processar, não pelo dinheiro, mas para que isso nunca aconteça com mais ninguém“, declarou.
O agricultorJosé Severino da Silva, 44, estava acompanhando o amigo Paulo Viturino durante seu tratamento no HCP. “Eu não estava no momento de reconhecimento. Quem veio foi a irmã dele.
Na hora do enterro, eu não consegui olhar para o caixão, mas nenhum dos seus parentes viu que não era ele”, disse. José Severino ainda acrescentou que na manhã de ontem ele viu o cadáver que deveria ser de Milton. “Com certeza é o Paulo. O enterro dele foi às 16h do domingo. Todos da família estão muito abalados ao receber essa notícia de que não era o corpo dele”, afirmou.
Ana Lúcia Eufrásio relatou que a esposa de Paulo disse ter apertado a mão do marido momentos antes do enterro, mas mesmo assim não percebeu a diferença. “Ela está muito triste, tomando remédios. É uma tristeza muito grande que algo assim esteja acontecendo”, contou.
Por meio de uma nota, a assessoria de Imprensa do HCP confirmou a troca dos corpos dos dois homens e que ambos estavam no necrotério do lugar no momento em que o fato aconteceu.
Ainda segundo a assessoria, a confusão foi ocasionada por um erro humano, do responsável pela liberação dos cadáveres, o qual não seguiu os procedimentos corretos, mas também é ressaltada o reconhecimento equivocado por parte da família de Paulo Viturino. Por fim, o HCP disse que o corpo de Paulo Viturino será encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML), localizado no bairro de Santo Amaro, área central de Recife, para o reconhecimento formal, enquanto que o de Milton será exumado para que as famílias possam fazer o enterro dos seus entes.
OUTRO CASO
Essa não foi a primeira vez que corpos de pessoas falecidas no HCP são trocados. Em fevereiro deste ano, os cadáveres de Maria José da Silva, 61 e da também Maria José da Silva, 46, foram confundidos. Uma delas chegou a ser enterrada na cidade de Ribeirão, na Zona da Mata Sul do Estado. Segundo informações dos familiares, as duas mulheres também não possuíam aparência similar e morreram de câncer de colo de útero, contra o qual estavam em tratamento no hospital.
Fonte: Folha PE
