segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Hanseníase - Personagens do especial Vidas Perdidas se emocionam ao assistir a vídeo.

A dona de casa Júlia Dias Coutinho, 64 anos, foi uma das primeiras a chegar ao cineteatro localizado no Hospital da Mirueira, em Paulista, na última terça-feira. Há anos, ela não pisava naquele lugar. Entre os motivos, a lembrança de ter sido o local para onde foram os pais dela ao serem internados compulsoriamente após o diagnóstico de hanseníase na década de 1950. Sem ter para onde ir na época, Júlia foi enviada para o orfanato mantido pelo Instituto Guararapes, na Várzea, e passou a viver com outras crianças que estavam lá pelo mesmo motivo.

Ao saber da exibição do documentário Vidas Partidas, parte do projeto multimídia homônimo publicado pelo Diario de Pernambuco no dia 9 de fevereiro, Júlia voltou ao Hospital da Mirueira. Sentada em uma das primeiras filas, a dona de casa fixou o olhar na tela para acompanhar o documentário que conta a história desses filhos enviados para o orfanato. De olhar triste, ela chegava a balançar a cabeça em algumas cenas, como que intimamente concordando com o que os entrevistados falavam. O material impresso, de autoria da jornalista Júlia Schiaffarino, permitiu ao leitor ter acesso a uma história pouco conhecida, fruto de um erro histórico na política de saúde pública do Brasil. Como consequência da internação, muitas famílias se perderam para sempre.


Os filhos entrevistados no documentário Vidas Partidas, produzido por Filipe Falcão, falam dos maus-tratos que sofriam no orfanato, além do drama de passarem a infância longe dos pais. O documentário acompanha o drama de Zelma Maria e Juarez dos Anjos da Paz, entre outros personagens. Ambos nasceram no Hospital da Mirueira e, por serem filhos de pais com hanseníase, foram logo enviados para o orfanato, onde ficaram até a adolescência. Entre as memórias compartilhadas no vídeo, os dois falam da solidão e da violência física e psicológica que sofriam por serem filhos de pacientes internos da Mirueira. “Quando as pessoas passavam em frente ao orfanato, elas nos chamavam de leprosos e filhos de vampiros”, conta Juarez entre lágrimas no documentário.

Além de Júlia, outros filhos com histórias igualmente tristes estavam no cineteatro. Cada um ao seu modo reagiu ao que estava vendo na tela. Alguns tentavam discretamente enxugar as lágrimas, tentando deixar para trás antigos traumas de infância. Outros choravam copiosamente quase como uma reação de raiva por uma luta perdida contra um passado que remete apenas a lembranças ruins. De semelhante, todos os presentes compartilhavam o sentimento de tristeza e revolta por terem sido afastados de suas famílias.

Médicos e enfermeiras do Hospital da Mirueira também estavam presentes na exibição e compartilharam da emoção sentida pelos filhos. A assistente social Sônia Santos explicou que muitos funcionários do hospital trabalham há anos no local e conhecem bem os internos, os filhos e suas histórias. “Foi como um filme repassando a dor que acompanha essas histórias e as lembranças mexem na mente e no coração de todos. Muitos me procuraram no final da exibição para compartilhar seus sofrimentos particulares”, disse Sônia.

O jornalista Filipe Falcão ficou igualmente emocionado com a exibição do documentário. Para ele, a possibilidade de fazer a apresentação para os próprios filhos dos pacientes foi uma forma de dizer muito obrigado aos próprios pela confiança de contar as suas histórias.“É importante que essa realidade seja divulgada, pois grande parte da população não faz ideia do que essas pessoas passaram. A maioria dos pais desses filhos já morreram e esse sofrimento não pode ser esquecido”, explicou Filipe.

Registros
Na última semana o deputado estadual Sérgio Leite apresentou um requerimento à Assembleia Legislativa de Pernambuco para que o caderno especial Vidas Partidas, a herança da hanseníase fosse transcrito nos anais da Casa. "O importante trabalho resgata a história de inúmeras famílias pernambucanas que sofreram e ainda sofrem os efeitos do preconceito contra os portadores de hanseníase e seus descendentes", comentou o deputado. Diario de PE
 
Divulgação: Mobilização Nacional da Enfermagem - MONAENF

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