quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Bebês em situação crítica na maternidade do Hospital Agamenon Magalhães


Denúncia aponta superlotação e não isolamento de contaminados


UCI do Agamenon Magalhães tem 14 leitos, mas atende
31 crianças. Imagens mostram crianças juntas
Bebês recém-nascidos internados na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal do Hospital Agamenon Magalhães (UCI/HAM), no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte no Recife, passam por uma situação crítica de superlotação. Segundo o Conselho Gestor do HAM, a unidade tem capacidade para 14 leitos, mas atualmente atende 31 pacientes que necessitam de atenção especial.
Pelo menos oito desses bebês deveriam estar em ambiente isolado, conforme recomenda a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para casos de contaminação por bactérias.
As bactérias diagnosticadas foram Enterobacter Cloacae, Klebsiella Pneumoniae, Citrobacter, Serratia Marcescens, Enterobacter Aerogenes. Alguns dos bebês estão com mais de uma contaminação. Segundo as normas da Anvisa, para precaução de contato, são necessárias algumas orientações básicas, tanto para proteção dos profissionais de saúde como também para evitar contágio entre bebês. A recomendação é de que, nos casos em que não é possível fazer isolamento de quarto, os berços estejam numa distância igual ou superior a um metro.
No entanto, a realidade na UCI do HAM é bem diferente. Fotos que a Folha de Pernambuco teve acesso mostram que os bebês estão colocados próximos, a uma distância de quase um palmo.
“A situação é lamentável. O Governo não tem a estrutura que afirma ter e engana o povo”, afirmou uma técnica de enfermagem do hospital responsável pelas imagens. Ela trabalha na rede pública de saúde há mais de 20 anos e não terá o nome revelado para evitar represália. Em nota oficial, Secretaria estadual de Saúde (SES), entretanto, aponta que todos procedimentos realizados estão dentro daqueles estabelecidos pela Comissão Estadual de Infecção Hospitalar.
A situação também está complicada para gestantes ou aquelas que já tiveram o parto realizado, devido ao deficit de leitos. Algumas mães foram colocadas no corredor do hospital porque não há espaço suficiente na enfermaria. “A situação é lamentável. São misturadas as mães que já tiveram com as que ainda vão parir. Elas foram colocadas nos corredores porque o número de leitos é insuficiente”, afirmou a denunciante. Na maternidade, são 48 leitos para mulheres que já tiveram seus partos realizados. Atualmente, 61 pacientes recebem atendimento na unidade. Já a sala de parto, que tem capacidade para 25 pacientes, conta com 33 pessoas em atendimento.
O HAM é referência para partos de alto risco, mas também acaba atendendo demandas que deveriam ser supridas pelos municípios. A média é de 400 partos por mês naquela unidade. Em resposta enviada, o órgão reconhece a alta demanda na maternidade do HAM. Ainda na nota, a Saúde esclarece que houve readequação do espaço e de insumos, além de estar reforçando o número de profissionais para garantir o atendimento a todos os pacientes na unidade. A diretoria da SES afirmou também que não há falta de profissionais, tampouco de medicamentos.
A SES ressaltou que está dando prioridade ao atendimento materno infantil em Pernambuco. De acordo com a pasta, somente este ano foram investidos mais de R$ 2,6 milhões na construção de 20 novos leitos, sendo dez de UCI e dez de UTI Neonatal, no Hospital João Murilo, em Vitória de Santo Antão, o que possibilitou a realização de partos de alta complexidade na unidade, tornando-a referência para a região. As maternidades referência para atendimento de alto risco são as dos hospitais Barão de Lucena, Agamenon Magalhães, Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) e Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
Fonte: 03/10/2012 07:07 - BÁRBARA FRANCO, da Folha de Pernambuco

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